“Esta paz que sinto em minh’alma, não é porque tudo me vai bem. Esta paz que sinto em minh’alma, é porque eu louvo ao meu Senhor. Não olho as circunstâncias. Olho o seu amor. Não me guio por vistas. Alegre estou”.

Um tema corriqueiro, mas sempre necessário. Necessário porque na maioria das vezes nossa alegria é movida pelas mesmas motivações ou circunstâncias daqueles que estão distantes de Deus. Nosso grande dilema é viver a alegria em meio aos padecimentos da vida (desemprego, enfermidade, falecimento, etc.).

Procuramos um lugar seguro – esse lugar seguro cria um sentimento de alegria. Infelizmente, em muito dos casos, as pessoas vão às Igrejas não para procurar Jesus pela necessidade da intimidade. Pessoas vêm à igreja por vários motivos: livramentos, prosperidade, sentido na vida, felicidade mesmo que passageira, etc. Mesmo nestas circunstâncias, precisamos como Igreja acolher esses e, na caminhada, ir mostrando a eles que livramento, prosperidade, sentido de vida e alegria só são encontrados na intimidade do Cristo. Caso contrário, a alegria será mais um momento fundamentado em circunstâncias externas e passageiras.

Em muitas vezes, devido a provações, tentações e outros problemas, é quase impossível sentir-se feliz. Mas Deus não nos chama para sermos “felizes”! Ele nos convida para a alegria. Diz: “Alegrai-vos” (Fl 4.4).

Descobrimos nesta passagem bíblica que felicidade e alegria não são a mesma coisa. No texto de Filipenses, Paulo estava passando por circunstâncias difíceis: prisão e perseguição. Contudo a alegria cristã era uma característica marcante na vida de Paulo.

Aprendemos com o apóstolo Paulo que a alegria não é proveniente de circunstâncias externas. É, sim, uma condição profunda e agradável que partilhamos com Cristo sempre que agimos de acordo com a vontade do Pai. Não nos alegramos nas circunstâncias, mas em Cristo. Esse é o tipo de alegria que irrompe de dentro para fora.

A alegria de Jesus era fazer a vontade do Pai, mesmo na hora do sofrimento maior. Ele disse: “a minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e concluir a sua obra” (Jo 4.34). Talvez você diga: “Jesus é Jesus. Eu não consigo me alegrar com tudo o que está acontecendo em minha vida”. A questão é que existe um equívoco sobre a natureza exata da alegria. Quando nossa alegria depender daquilo “tudo o que esta acontecendo”, então seremos as pessoas mais infelizes do mundo. O objetivo da alegria é outro: é alegrar-se no Senhor, não nas coisas desse mundo – alegrar não na esfera das circunstâncias, mas em Cristo.

Qual a frequência da alegria: “sempre” diz o texto. Nossos olhos devem estar postos em Cristo sempre. Se desviarmos nossos olhos dEle, não vamos nos regozijar nEle nem ter uma vida marcada pela alegria. A força e a alegria no Senhor não advêm do entendimento sobre o que esta acontecendo conosco, mas do quanto nos lembramos dEle. Quando nos refugiamos na intimidade do Senhor, as perturbações externas simplesmente são incapazes de roubar nossa alegria.

Medos, dúvidas e preocupações começam a se dissipar à medida que pensamentos acerca de Deus e de sua presença. À medida que esses novos pensamentos tomam conta das nossas mentes, somos realmente alegres.

O que fazer? Voltar o coração partido para Deus, agradecido por não deixar a alma na depressão e afogada em tristezas. Mesmo em meio a lágrimas, podemos erguer as mãos para o Céu e clamar como o salmista: “Mudaste o meu pranto em dança, a minha veste de lamento em veste de alegria, para que o meu coração cante louvores a ti e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te darei graças para sempre”. (Sl 30.11,12). Podemos fazer isso porque nossa esperança não está em coisas desse mundo. Não dependemos de que a situação esteja favorável para estarmos alegres. Nossa alegria tem sua base em Cristo e não nessas situações passageiras. Se fosse assim, também seria nossa alegria – passageira.

Pastor e Professor Márcio Adriane Fernandes