Estudo baseado no texto de Lucas 22.07-20

Verso 07 “Chegou, porém, o dia da Festa dos Pães Asmos, em que importava sacrificar a Páscoa.”

Este é o dia dos asmos (da retirada do levedo) – retira tudo que for levedado da casa como ato de purificação dos alimentos com a intenção de purificar o homem para o momento do Sacrifício da Páscoa.

Para o 1º. Seder (ordem do ritual da páscoa), depois do por do sol, necessitavam um cordeiro sem mancha, previamente separado, para o sacrifício (Jesus, nosso cordeiro separado por Deus). O sangue do cordeiro deveria ser derramado de forma sacrificial para expiar (pagar) os pecados daqueles que se serviriam da sua carne (carne é servida durante a refeição pascal). Jesus derrama seu sangue para nosso sacrifício. Comer sua carne é a deixa para a Santa Ceia. Sobretudo o sangue do sacrifício deveria marcar o madeiro da entrada principal a favor daquele por quem era feito o sacrifício para evitar sua morte (primogênitos em Êxodo 12). O sangue derramado no madeiro da cruz marca nossa salvação da morte eterna.

Páscoa é a representação tipológica do sacrifício de Jesus.

Verso 08 “E mandou a Pedro e a João, dizendo: Ide, preparai-nos a Páscoa, para que a comamos”.

Coube a Pedro e João prepará-la, pois cabe aos discípulos, aos homens esta preparação. A páscoa desta época era orientada pela academia judaica de Hilel (110aC-10dC) que determinava o uso de diversos alimentos, por isso precisava ser preparada.

Versos 09-13 “E eles lhe perguntaram: Onde queres que a preparemos? E ele lhes disse: Eis que, quando entrardes na cidade, encontrareis um homem levando um cântaro de água; segui-o até à casa em que ele entrar. E direis ao pai de família da casa: O mestre te diz: Onde está o aposento em que hei de comer a Páscoa com os meus discípulos? Então, ele vos mostrará um grande cenáculo mobiliado; aí fazei os preparativos. E, indo eles, acharam como lhes havia sido dito; e prepararam a Páscoa”.

É necessário um lugar para prepará-la. Jesus determina que o façam na casa de um chefe de família, mas esse tinha elementos diferenciados dos homens comuns – era adorador, tinha casa/vida de adorador.

Versos 14-18 “E, chegada a hora, pôs-se à mesa, e, com ele, os doze apóstolos. E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta Páscoa, antes que padeça, porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no Reino de Deus. E, tomando o cálice e havendo dado graças, disse: Tomai-o e reparti- o entre vós, porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o Reino de Deus.”

É hora da Ceia (já haviam tomado o primeiro cálice de vinho) e a Páscoa, sinal de libertação da escravidão e passagem do mar, foi apresentada por Jesus como sua despedida.

Pedro e João já tinham realizado (v.7) a “Kasherização do Hamets” (retirado do lar os alimentos fermentados) e o sacrifício do cordeiro. Agora está escurecendo, então, acompanhado de uma oração própria (para cada ação ritual existe uma oração própria) uma luz festiva é acesa e Jesus e seus discípulos utilizam uma vasilha de água para a lavagem das mãos. Em seguida Jesus lidera o sêder/ordem da Páscoa: Apresenta o Zeroá (osso da perna do cordeiro tostado) que representa o Poder Libertador, e o sacrifício pascal para lembrar que a mão de Deus trouxe a libertação do cativeiro egípcio que agora comemora com um kidush (o segundo brinde), aos sábios.

Após a oração comem o Karpás (salsão) que representa o hissôpo. Em seguida faz o yakhats (separa metade de uma matsá para o aficoman) e faz a agadá (narrativa) de péssakh.  Conscientes sobre o significado da Páscoa comemoram a libertação com a terceira taça de vinho, enquanto Jesus procede a benção das 03 Matsót (Sacerdote, Levita, Povo) para motsi/ matsa. Comem parte destas matsót se lembrando da pressa em sair do Egito (o pão não levedou) e em seguida embebem um pedaço do Marór (raiz amarga) no Haróssét (doce que representa a argila das construções) e comem para lembrar o sofrimento durante a escravidão. Em seguida comem o beitsá/ovo (representa o sacrifício /os  altos e baixos da vida) enquanto a ceia (refeição festiva) é servida.

Após a refeição se faz o quarto brinde e deixa uma taça cheia de vinho na mesa (para aguardar o profeta Elias que precede o messias, mas nós acreditamos que esta taça nós beberemos com Cristo na glória). Também fica na mesa a água salgada representando as lágrimas derramadas durante o cativeiro e o Mar Vermelho.

Verso 19 “E, tomando o pão e havendo dado graças, partiu- o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isso em memória de mim.”

Após o brinde Jesus retira debaixo do linho onde o escondera, o Aficoman (presente/yakhats) e distribui aos discípulos com palavras as quais esclarecem sua missão ao se declarar como pão da vida em João 6:3, além de justificar o seu nascimento em Belém (casa de pão) e o significado do seu nome Yeschua (salvador).

Nas festas em minha memória (lembrança da morte), pois ELE morrerá como o sacrifício, meu corpo será o alimento para vossa vida e para vossas festas de libertação porque sem mim não tereis vida. Seu corpo é alimento representado no pão da pureza e não na carne do cordeiro, que significa o sacrifício do corpo.

Verso 20 “Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue, que é derramado por vós”

Da mesma forma ao fazer o quinto brinde, apresenta o vinho como seu sangue, cujo seria derramado como o sacrifício para expiar os pecados daqueles que comeriam a carne/pão da pureza deste sacrifício. Sangue que também marcaria o madeiro principal da entrada do homem no caminho da liberdade, seu direito à vida.

Feliz Páscoa

Professor Álvaro Silva